Não conheço nenhum responsável de nenhuma empresa que gostasse de ver a sua organização desaparecer do mercado, ser ultrapassada pela concorrência ou ser engolida por uma empresa maior, ver os seus produtos tornarem-se obsoletos, ou de repente ter os seus preços totalmente fora de mercado.
No entanto, estes desfechos são frequentes e na maior parte dos casos não é por desleixo, desinteresse, ou falta de empenho dos seus lideres. Em muitos casos essas pessoas são de tal forma apanhadas pelas circunstâncias, que nunca chegam a entender as suas verdadeiras responsabilidades na falha da empresa. Há poucos anos o último CEO da Nokia dizia na conferência de imprensa onde anunciava, em lágrimas, o fim da empresa e a sua compra pela Microsoft: “Não fizemos nada errado, mas, por alguma razão, perdemos”.
É da natureza humana a procura de segurança: para cada um de nós, para os nossos e por arrasto para as nossas empresas, os nossos postos de trabalho, as nossas funções. Dessa necessidade primária de segurança nasce a aversão ao risco e por consequência a protecção do status quo e a resistência à mudança. Mas são estas atitudes que, oferecendo uma falsa sensação de domínio e segurança, mais contribuem para o colapso.
As empresas estão tão focadas em controlar tudo e em minimizar riscos que acabam por desprezar a criatividade interna e as tendências de mudança do seu mercado e é aqui que começam a perder em grande.
Esta atitude não é de hoje, inúmeros exemplos do passado são frequentemente apontados:
- Por exemplo um dos fundadores da IBM dizia em 1943: “Penso que no mercado, a nível mundial, haverá lugar talvez para 5 computadores” ??????
- Outro exemplo é o dos apanhadores de gelo. Em meados de 1900 havia uma verdadeira industria de recolha e distribuição de gelo nos Estados Unidos. No Inverno, milhares de pessoas deslocavam-se para zonas com lagos gelados para apanharem gelo que depois transportavam, armazenavam e distribuíam nas cidades. Trinta anos depois essa industria foi totalmente substituída por fábricas de gelo que apareceram em todas as grandes cidades e que fabricavam o gelo localmente. Passado outros trinta anos as fábricas de gelo desapareceram depois do surgimento dos frigoríficos que permitiam a cada família fabricar o seu próprio gelo na comodidade da sua casa. O que há a reter deste exemplo é que nenhuma das industrias antecipou a mudança e assim as empresas de apanha de gelo não se tornaram empresas de fabrico de gelo e estas não se transformaram em fábricas de frigoríficos. No entanto, todas se dedicavam ao mesmo mercado e à mesma necessidade: fornecer gelo às famílias.
Nos dias de hoje onde as mudanças são cada vez mais rápidas, as ameaças potenciais mais imprevisíveis e as oportunidades muito mais numerosas, o mínimo que se espera das organizações e dos seus líderes é que sejam activas (o maior inimigo da inovação é a inacção) e mantenham um espírito aberto: não se fechem sobre si próprias, saibam escutar o seu mercado e que, de alguma forma, valorizem a criatividade interna criando condições para a transformar em algo sistemático e útil.
E é isso que a inovação é nas empresas, a sua fonte de eterna juventude: criatividade tornada útil.
A inovação nas empresas seja por processos incrementais envolvendo acções de melhoria continua ou disruptiva, envolvendo saltos tecnológicos ou outras rupturas, tem sido amplamente estudada e é hoje possível identificar muitas das forças que ajudam a criar uma cultura de inovação.
No próximo artigo do blog da PRODESA ENGENHARIA abordaremos a forma de o fazer, não perca!